Cruz Vermelha Brasileira

A História da Cruz Vermelha Brasileira se iniciou no ano de 1907, graças a ação do Dr. Joaquim de Oliveira Botelho, espírito culto e cheio de iniciativa que, inspirando-se naquilo que testemunhara em outros países, sentiu-se animado do desejo de ver também aqui, fundada e funcionando, uma sociedade de Cruz Vermelha, marcaram uma reunião para aclamação de sua Diretoria Provisória, o que se realizou, em 31 de dezembro de 1907. Em 05 e dezembro de 1908 no salão da sociedade de Geografia do Rio de Janeiro foram discutidos e aprovados os Estatutos da Cruz Vermelha Brasileira, bem como procederam-se as eleições do Conselho Diretor e da Diretoria. A data ficou consagrada como a de fundação da Cruz Vermelha Brasileira, Sociedade de socorro autônoma e independente, auxiliar dos poderes públicos.

A Diretoria Provisória, então aclamada, ficou assim constituída:Presidente: Dr. Oswaldo Cruz
1º Vice-Presidente: Gen. Thaumaturgo de Azevedo
2º Vice-Presidente: Almte. Alves da Camara
Secretário Geral: Dr. Joaquim de Oliveira Botelho
Secretários Dr.Jaime Silvado
Dr. Salles Filho
Dra. Antonieta Morpurgo
Tesoureiro: Monsenhor Amador Bueno

Na nova Diretoria, como Presidente, 1º Vice-Presidente e Secretário Geral, figuravam os grandes batalhadores da fase inicial, Thaumaturgo de Azevedo, Alves da Camara e Oliveira Botelho. O General Thaumaturgo de Azevedo, 2º Presidente da Entidade, manter-se-ia no cargo por 10 anos consecutivos.

O registro e o reconhecimento da entidade nos âmbitos nacional e internacional se deu nos anos de 1911 e 1912, sendo que a I Grande Guerra (1914/1918) constitui-se, desde seus primórdios, no fator decisivo para o grande impulso que teria a novel Sociedade.

As “Damas da CRUZ VERMELHA BRASILEIRA”, comitê criado por um grupo de senhoras da sociedade carioca, deu origem à Seção Feminina, que teria como primeira tarefa, a formação do corpo de Enfermeiras Voluntárias

CRIAÇÃO DA PRIMEIRA ESCOLA PRATICA DE ENFERMAGEM
Um dos Vice-Presidentes, o então Cel. Médico Dr.Antonio Ferreira do Amaral, foi designado para presidir a Comissão de Ensino Prático, destinada a formar a

A semente assim plantada frutificaria e, para permitir o funcionamento de outros cursos sugeridos pela Seção Feminina, foi criada e inaugurada, em março de 1916, a Escola Pratica de Enfermagem, sob a eficiente direção do Dr. Getúlio dos Santos, na época Capitão Medico do Exército.

PRIMEIRA GRANDE GUERRA

Com a declaração de guerra do Brasil aos Impérios Centrais (Alemanha e seus aliados), a Sociedade expandir-se-ia com intensificação dos Cursos de Enfermagem e com a criação de filiais estaduais e municipais, cabendo a São Paulo a primazia. Em 1919, as filiais já eram em número de 16. Grandes e inestimáveis serviços prestou a CRUZ VERMELHA no final da Guerra, nos seus inúmeros contatos com a Agência Internacional de Prisioneiros de Guerra, no sentido de propiciar informações aos europeus residentes no Brasil, em relação a seus familiares cujos paradeiros haviam se tornado desconhecidos em virtude das contingências de guerra.

Durante o ano de 1918 e, imediatamente após, a CRUZ VERMELHA BRASILEIRA demonstrou, de maneira cabal, o alcance de sua atuação durante a calamitosa epidemia de gripe que assolou o mundo no após-guerra. A Escola de Enfermagem no Rio foi transformada em isolamento e as enfermeiras da Entidade se desdobraram nos diversos hospitais no Rio, nas residências e nos Postos de Socorro então estabelecidos e em algumas das filiais. Nesta batalha tombaria a primeira vitima, a aluna-enfermeira Cherubina Angélica Guimarães que, após participar dos trabalhos iniciais, contraiu a doença, vindo a falecer em conseqüência.

Uma grande preocupação, desde a fundação até essa fase, foi a referente às instalações destinadas ao funcionamento das diversas atividades da Sociedade, particularmente no Rio de Janeiro. As aulas teóricas da Escola de Enfermagem eram ministradas em dependências de outras entidades, como por exemplo, a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. As aulas práticas aproveitavam-se de instalações hospitalares da cidade.

Uma das primeiras medidas tomadas pelos fundadores da Sociedade, ainda em 1911, foi a elaboração de um requerimento ao Congresso Nacional solicitando a doação de um terreno. Embora já tivesse sido selecionado e já algumas atividades pudessem nele ser exercida, somente em junho de 1916 se concretizaria a doação solicitada, com a lavratura da respectiva escritura. De imediato foi construído um pavilhão que seria inaugurado em maio de 1917, onde funcionaria, em caráter provisório, a Escola de Enfermagem e o Órgão Central da Entidade. Em 1919, deu-se início à construção do prédio definitivo, ate hoje em funcionamento e no qual, em junho de 1924, começaram a funcionar algumas atividades. Além da construção da sede, o período entre as guerras caracterizou-se por um sem número de atividades, não apenas no Brasil, mas também no exterior.

CAMPANHAS BÁSICAS DE SAÚDE
O esclarecimento de toda a população, visando a prevenção de uma série de pertinazes doenças que minavam o povo brasileiro, e o atendimento aos já atingidos por essas doenças foi uma atividade permanente . A Tuberculose e as doenças Sexualmentes

Transmissíveis foram as primeiras da extensa relação que constituiu preocupação constante não só do Órgão central como Também das Filiais, sempre se procurando ir ao encontro dos problemas e das necessidades regionais.

O ATENDIMENTO AS CALAMIDADES

A tuberculose e as doenças venéreas foram as primeiras de extensa relação que constitui preocupação constante não só do Órgão Central, como também das filiais, sempre procurando ir de encontro aos problemas e às necessidades regionais. A calamidade pública, sob todas as formas, encontraria sempre nas primeiras linhas de seu atendimento, elementos da CRUZ VERMELHA. Secas, enchentes e inundações, catástrofes e epidemias, onde quer que se fizesse necessária a mão amiga do auxílio, do carinho e do conforto, Lá estavam as incansáveis enfermeiras e socorristas, os desprendidos voluntários e o dedicado desvelo da CRUZ VERMELHA BRASILEIRA.

RECONHECIMENTO
O registro e reconhecimento da entidade no âmbito nacional foi em 1910 e no âmbito internacional pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha.. Em 1912 participou da constituição da Lida de Sociedades de Cruz Vermelha em 1919 filiando-se a ela.

REUNIÕES INTERNACIONAIS
Como grande evento, de repercussão internacional, registra-se a realização, no Rio de Janeiro, em setembro de 1935, da III Conferência Pan-Americana da Cruz Vermelha.

Com a presença das representações da Liga de Sociedade de Cruz Vermelha e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e de mais de 18 países das Américas e 17 associações internacionais enviaram delegações que participaram a título consultivo. As autoridades brasileiras deram todo o seu apoio ao conclave, inclusive o Presidente da República, que presidiu as sessões solenes de abertura e encerramento, no Teatro Municipal. Convem consignar a grande homenagem prestada a Ana Nery, com a aprovação da proposta e o lançamento da pedra fundamental de um monumento a esta grande figura feminina de nossa História, a ser construído na praça fronteira a sede do órgão central. Na oportunidade, a praça já batizada pelo povo, passaria a ser oficialmente denominada Praça Cruz Vermelha. Uma passagem de grande teor emocional, durante a realização da Conferência, foi o abraço trocado pelos Delegados da Bolívia e do Paraguai que, por proposta do delegado de Costa Rica, selariam desta maneira e de publico, a paz negociada pouco antes pelos seus países, pondo fim à sangrenta Guerra do Chaco.

SEGUNDA GRANDE GUERRA
A Segunda Grande Guerra (1939/1945), a semelhança do que ocorrera na primeira, iria dar novo impulso as atividades da Cruz Vermelha. Novamente a busca de paradeiro de parentes dos estrangeiros residentes no Brasil constituiu uma importante incumbência. Basta citar, até meados de 1946, as mensagens recebidas atingiram a impressionante cifra de 72.527. Porém com o envio da Força Expedicionária Brasileira para o Teatro de Operações, outros aspectos predominariam e assumiriam papel mais relevante.

A coleta, o preparo e o envio de uma enorme quantidade de toda sorte de correspondência, agasalhos e material de primeiros socorros para os combatentes brasileiros e para as vítimas da guerra em todo o mundo, foi um trabalho intenso que prosseguiu mesmo após o término do conflito.

O ponto alto porém foi a participação das Enfermeiras Samaritanas e das Socorristas Voluntárias da Cruz Vermelha Brasileira na constituição dos quadros de nossa Força Expedicionária, como Oficiais Enfermeiras do Exercito e da Aeronautica. Usemos a palavra de uma delas, Major Enfermeira Elza Cansanção Medeiros, que, em uma das crônicas de seu livro “ Nas Barbas do Tedesco”, assim se expressa: . . . afirmo que minhas companheiras, de um modo geral, nada deixaram a desejar, em sua atuação profissional, junto as enfermeiras americanas. Sendo a quase totalidade do contingente feminino composto de Samaritanas e Voluntárias Socorristas, pois apenas 8 eram Enfermeiras Profissionais e 1 Parteira, obreavam satisfatoriamente com as Enfermeiras profissionais norte-americanas, a grande maioria delas com mais de três anos de Serviços no Teatro de operações. O Brasil e o povo brasileiro devem, portanto, se orgulhar de suas Enfermeiras, que não trepidaram ao trocar o conforto de seus lares pelo futuro desconhecido e perigoso de uma campo de batalha, sem outro interesse que o de servir aos seus semelhantes, mitigando-lhes as dores e consolando-os com uma palavra de carinhos nas horas mais difíceis.

Além das Oficiais Enfermeiras que, integrando nossas Forças Armadas, atuaram diretamente no Teatro de Operações, na Itália, cumpre ressaltar o papel da Cruz Vermelha Brasileira, preparando outras turmas de Enfermeiras, Samaritanas, Voluntárias Socorristas e contribuindo de várias maneiras no atendimento aos febianos, merecendo por isso mesmo as seguintes palavras do então General Mascarenhas de Moraes, o inesquecível comandante de nossa gloriosa FEB, constantes em cartas escritas em plena campanha ao Presidente da Cruz Vermelha Brasileira “ Dentre as instituições que mais se destacaram, no Brasil, pela assistência que tem procurado dar aos soldados expedicionários está a Cruz Vermelha Brasileira, de que V. Exa. é digno Presidente”.

De novo em paz o mundo, a entidade não pararia.Voltou-se para os problemas de educação, saúde e assistência social em nosso país e organizou-se como uma instituição sem lucrativos mas gerida de acordo com os modernos moldes de administração. Ampliou o número de Filiais, que hoje vão do Oiapoque ao Chui; organizou um Plano de Ação Quadrienal e Diretrizes de Planejamento; incentivou a participação da Juventude no Voluntariado da Cruz Vermelha Brasileira; iniciou o Programa de Delegados Escolares para difundir os princípios da instituição, criou Cursos de Profissionalização para jovens carentes, ampliou suas Escolas de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem os Pré-Escolares, os Cursos de Primeiros Socorros e Campanhas de Doação de Córneas e de Sangue. Assumiu o papel preponderante nos socorros as calamidades a nível nacional em colaboração com a Defesa Civil e também a nível internacional.

RECURSOS
A Cruz Vermelha Brasileira vive e sobrevive de doações de pessoas físicas e jurídicas. Além disso recebe o apoio da populaçãoo e das empresas, durante as campanhas doações em espécie.

REPRESENTAÇÃO INTERNACIONAL
A Cruz Vermelha Brasileira é membro da Comissão de Paz e Vice-Presidente da Comissão de Saúde e Assuntos Comunitários da Assembléia Geral da Liga de Sociedades de Cruz Vemelha e do Crescente Vermelho. A Cruz Vermelha Brasileira é membro da Comissão Permanente de Baremo da Federação Internacional de Cruz Vermelha.


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